O MEU CANTINHO

Para ti amiga, não há palavras para descrever tanta dor, parece que é um tapete que nos puxam debaixo dos pés, ficamos sem rumo, uma vida a quatro, reduzida a três... Apetece gritar e perguntar porquê??? Tu não merecias, aliás ninguém merece, mas um marido tão teu amigo, tão trabalhador, uma vida linda, com dois meninos lindos para criar, ainda com tanto para viver, mais uma pessoa que nos deixa tão nova, é por tudo isto que dá uma revolta enorme...

Apetece-me mais uma vez citar o que diz (Álvaro de Campos)

"A vida chega a doer, a enjoar, a cortar, a roçar, a ranger,

a dar vontade de dar pulos, de ficar no chão,

de sair para fora de todas as casas,

de todas as lógicas, de todas as sacadas

e ir ser selvagem entre árvores e esquecimentos."

Que DEUS te dê muita força e coragem

Às vezes não sei o que faço ao meu tempo... Quando reparo lá está ele a esgueirar-se pelas brechas que vou deixando abertas sem querer.

Será que me perco no tempo? Ou será que o tempo se perde em mim?

Eu lembro-me de ti, doce água a resvalar.

Sobre o meu corpo inerte, prisioneiro dos desejos,

Tantas vezes almejados, outras tantas, reprimidos...

Eu lembro-me de ti, a saciar minha sede.

De ternura e de amor, minha fome de prazeres,

Tanto tempo ansiados, outro tanto, incontidos...

Eu lembro-me de ti, a passar por minha vida

Como a chuva de verão, desabando em carícias,

Esplendores de mistérios, fulgurando a imensidão...

Eu lembro-me de ti, nos mais puros pensamentos,

Melancólica saudade daqueles ternos momentos,

Que preenchiam meus dias, enxotando a solidão...

Andar juntos pela chuva, gozarmos juntos um duche,

Recadinhos e  surpresas de flores ao despertar:

São pedaços de lembranças de tudo que já vivi...

Aproveitar cada dia apenas do nosso jeito,

Deliciar-me com teus beijos, recostar-me no teu peito...

É por isso e muito mais... Que eu me lembro de ti!

Oriza Martins